sexta-feira, 1 de julho de 2011

A crepitazye

Um novo diagnóstico: “A crepitazye na rótulye”.

Ele esfregou, esmagou, dobrou, enquanto falava, falava num idioma imperceptível. Eu ia abanando a cabeça como se percebesse. O António Castanheira Alves (que seria mais tarde esfregado, esmagado e dobrado) ainda apanhava algumas: “Mas é namorada dele ou não é?”.

Não contente com a coxa e com o joelho esquerdo, entreteve-se a agarrar-me os pneus que hoje são a minha barriga. E por muito que eu me explicasse (“Já não treino há quase três meses”), não me livrava de novo castigo ao ego: “Não corpo de maratonye. Muito pesado. Obstrupazye no joelho.”

Enfim, depois da consulta no cirurgião e da ressonância magnética que não apontavam nada pior do que uma bolsa de líquido na zona superior ao joelho, fui ontem ter com ele. Muitos já me tinham falado dele, mas ninguém me tinha preparado para o diálogo de ontem. Assim como tão cedo não esperava aquelas palavras: “Elmetacin e treno. Tu trenar. Na relva, na areia. Não estrada”.

Hoje fui para o Jamor. Corri meia hora e as únicas dores que senti foi de ontem ter sido esfregado, esmagado e dobrado. Por isso, amanhã vou outra vez. Por isso, já penso de novo em cenários como o da fotografia lá de cima.


Sexta-Feira, 1 de Julho de 2011

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