domingo, 28 de novembro de 2010

Impensável

Em 2009 fiz PB na 3ª Corrida Luzia Dias. Na verdade, a prova até tinha mais 230 metros, mas como sempre contei os tempos de passagem, os 44:59 aos 10k ficaram como recorde ainda durante uns bons meses.

Em 2010 fiz PB na 4ª Corrida Luzia Dias. Na verdade, hoje a prova até tinha menos 420 metros, mas com a extrapolação pelo método que uso nestes casos, os 41:32 (41:39 oficiais) passaram para 43:18. Se é recorde para durar não tenho ideia, mas foi uma grande forma de estrear a camisola da RB Running (a 11ª equipa entre 47).

No geral, foi uma manhã bonita numa prova complexa de andamentos e desníveis. E, sobretudo, uma marca há pouco tempo impensável, mas que me revela que um treino de luta realmente compensa. Não foi feito de grande importância, mas seja como for, dedico-o a todo o time e sobretudo à Rita Borralho. Não pelos 86 segundos que caíram do recorde, mas porque a gratidão é coisa muita bonita.


Domingo, 28 de Novembro de 2010

sábado, 27 de novembro de 2010

Em ante-estreia

“Querido Pai Natal, é apenas umas luvas para correr. Não peço coisas de marca, nem nada de especial. Mas tem é que ser hoje. Não é daqui a um mês. É já ali à frente”. Eram 8 e 30 da manhã e, segundo o weather.co.uk, estavam 8 graus mas pareciam 5. Pelo segundo dia consecutivo, o treino fazia-se no Parque das Nações de pernas pesadas e passada curta.

E se a Sexta e a Quinta não ficaram para a história, também a Quarta não tinha sido um hino à capacidade física. Achei que o Monte da Galega tinha visto a pior das minhas prestações no fartlek de 8 x 1’. Senti que tinha puxado demais a princípio e que a consequência tinha sido baixar o ritmo para níveis a que já não me habituava. Afinal, viria mais tarde a constatar que nunca tinha andado tanto num treino destes. Estranho.

Por outro lado, apesar de ter sentido levar uma coça das antigas no treino de técnica de corrida, terminei a noite de Segunda-Feira com uma excelente sensação geral. Nem com uma transfusão de magnésio me safava, mas estava bem.

Toda esta semana foi um pouco estranha. Talvez por ser a semana da ante-estreia, já que amanhã visto pela primeira vez a camisola da RB Running. Vai ser para os lados do Lumiar e Telheiras, na 4ª Corrida Luzia Dias.


Sábado, 27 de Novembro de 2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A dar-lhe

São duas as palavras que definem a diferença para a última vez que andei a treinar para provas de 10 ou mesmo de 21k: trinta segundos. Hoje, numa assumida luta pela exigência, tenho andado a treinar a um ritmo ao quilómetro que é (mais coisa, menos coisa) 30 segundos mais rápido do que era há 6 meses.

De novo na estrada que acompanha o Tejo, o fim-de-semana começaria pelas 5 da tarde de Sábado. Foram 5 corridas de 5 minutos cada (4:02 de ritmo na primeira, 4:07 depois, 4:12 na terceira, 4:02 na penúltima e 4:03 para terminar) com 3 minutos para respirar pelo meio.

Na manhã seguinte, os receios de cansaço foram afastados com uma óptima sessão de 80’ em ritmo progressivo. Num traçado sem desnível, corri 17.040 metros a um ritmo de 4:41/k. A duas semanas da Meia dos Descobrimentos e desde que tenho registos de treinos/provas, o meu tempo de passagem aos 15k foi o segundo melhor de sempre. Sinto-me de facto a andar mais.

Contudo, a andar bem aos 15k é mesmo o Leonard Patrick Komon, o queniano que hoje bateu na cidade holandesa de Nijmegen o recorde mundial da distância com um cronómetro de 41:13. E que já em Setembro, sem grande alarde e também na Holanda (daquela vez em Utrecht), tinha feito a melhor marca de sempre aos 10k com um tempo-canhão de 26:44.


Domingo, 21 de Novembro de 2010

sábado, 20 de novembro de 2010

Remontada

Eram cinco ou seis. Azuis e com as luzes a relampejar, os jipes da polícia relembravam-me por que é eu estava a correr em Xabregas. Com o Parque das Nações reduzido a vinte por cento, a NATO tinha-me atirado pela estrada do porto acima. No escuro das nove da noite, andava a dividir o alcatrão molhado com camiões TIR de 27 toneladas. Bem, dividir talvez seja uma forma exagerada de pôr a situação, pois não tinha mais que metro e meio entre os rodados e o lancil que separava a estrada da linha do comboio.

Mas, como já tinha andado nestas circunstâncias, não chegava a ser motivo de preocupação. Bastava estar atento às luzes que se aproximavam, nunca esquecer de me mostrar visível no escuro e não me desviar de uma imaginária linha recta. Cumpria-se essa cartilha e tudo havia de correr bem. Só que, desta vez, sentia insegurança. Era a terceira vez que me ajoelhava para desapertar os atacadores e para tentar perceber se as palmilhas ortopédicas não me estavam de novo a trilhar os pés. Já havia meses que não treinava com elas e como os ténis ficavam mais molhados a cada minuto, eu não conseguia ter a certeza se aquele resvalar do pé na palmilha não era prenúncio de uma asneira da qual me iria arrepender. Então, parava e ora apertava mais os Pegasus 27, ora os deixava mais soltos. Num treino que já tinha começado debaixo de algum cansaço, toda esta intermitência havia de me fazer demorar um total de 27 minutos para correr uma légua.

Fazer o retorno e impor o regresso a casa foi caso para mais uma chamada de atenção. Estou bem com as rectas, mas fazer curvas mais ou menos apertadas recordou-me que estava no rescaldo de uma entorse. Então curvar para a direita e sentir a pressão sobre o interior do pé direito deixava-me uma certeza: mais 3 ou 4 dias de descanso ter-me-ia posto em melhores condições. Mas, enfim, mudar de faixa tinha os seus upsides. Agora estava a correr junto à Avenida Infante D. Henrique e a luz dos candeeiros alumiava melhor este lado da estrada. As coisas pareciam menos desagradáveis.

E, nunca sabemos de onde vêm estes impulsos, recordei-me de uma fotografia da Jessica Augusto a treinar à neve. Tinha-a visto há horas atrás no Facebook e pensava agora no quanto quem corre gosta de ser testado em condições de adversidade. Às vezes nem tem a ver com o teste, tem a ver com a mera experiência. Tive a suprema felicidade de ter viajado muito na vida e a comunidade de viajantes é outra que vive na cabeça e no peito este conceito de been there, done that. E foi mais ou menos por aí que começou a minha remontada.

Utiliza-se o negative split para definir uma segunda metade de corrida feita em menos tempo. No mundo da bola, por seu turno, fala-se muito em dar a volta ao marcador ou em virar o resultado quando a equipa que perde sacode o jogo e, pelo menos marcando dois golos, passa à situação de vencedora. Já os espanhóis têm uma palavra que sinto particularmente: a remontada.

E nesta semana em que os nossos irmãos ibéricos até parecem muito mais simpáticos (e, decididamente, excelentes fregueses), remontar surge-me como o termo certo. Não é técnico nem estilístico, é como se fosse uma avalancha de emoções que se descobrem do nada ou do muito pouco e que nos salvam ou pelo menos impulsionam para adiante. Certo que isto era um treino e nem sequer um dos mais importantes da semana. Mas eu sou muito sério a treinar. Chego a ser intenso. E tenho dias em que espero que o meu corpo responda à altura, porque a cabeça produz tantas endorfinas que se torna difícil geri-las com moderação.

Se ver a elite trabalhar na neve deu-me a predisposição, então quando chegou a chuva apareceu o meu gatilho. Naquele momento, comecei a correr positivamente sem preocupações. E, com o reflexo das luzes e da água no alcatrão, pus-me a caminho de casa. Ainda havia alguns camiões na estrada com motoristas que tentavam acabar o dia e despachar um jantar tardio. A minha passada era vigorosa enquanto cruzávamos os nossos caminhos.

Mais à frente, ouvi vozes e vi três homens na entrada de um armazém. A porta metálica do armazém estava fechada e dois deles estavam deitados no escuro, entre caixas de cartão desmontadas. O que estava em pé fumava um cigarro e ouvi-o falar: “Ele tem a mania. Qualquer dia baixo-lhe a pavana”. Eles iam dormir ali. Não parei de correr e agora chovia um pouco mais. Não parei de correr.

Com as bátegas de água a molharem-me as lentes dos óculos, tirei o boné de dentro do impermeável e fui avançando a muito bom ritmo. Aos 9k cruzei-me com o único companheiro que também andava por ali a correr. Ele fez um aceno e eu levantei a mão. Então, pela terceira ou quarta vez naquela noite, repeti na minha cabeça as palavras da Rita Borralho – “os braços, Zé, os braços” – e alavanquei-me dali para fora. O pé doía-me um pouco mas eu estava feliz.


Sexta-Feira, 19 de Novembro de 2010


Fotografia de Pedro Moura Pinheiro

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A fugir à polícia

Depois de quatro dias a gelo, saí hoje para correr. Foram 10k em ritmo de 5:08, feitos num quintal cheio de fardas. Hoje, viver na zona mais segura de toda a cidade significa que me mandam correr para outro lado.


Quinta-Feira, 18 de Novembro de 2010

domingo, 14 de novembro de 2010

Devia mesmo?

R.I.C.E. logo pela manhã e 75 minutos em ritmo progressivo antes da hora do almoço. Depois, naturalmente, R.I.C.E. quando entra a tarde.


Domingo, 14 de Novembro de 2010

RB+


Uma pequena entorse há seis dias e no fim dos 10k de Sexta-Feira surgem as dores. Resultado: fiquei de fora da fotografia da equipa na prova aberta do Cross Internacional de Oeiras. Uma fotografia que celebrou um óptimo dia para a RB Running, com o Hugo Pinto a vencer a corrida e o Júlio Barroco, o Paulo Costa e o Rui Marques a tirarem posições de destaque. Foi realmente um dia RB+.

Sábado, 13 de Novembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Os desafios

Ontem à tarde, o António Castanheira Alves, colega de equipa e companheiro de pelotão, inaugurou um blog que é em si um anúncio extraordinário: chegar a 2012 e sagrar-se um Ironman.

Aqui, o extraordinário não é a possibilidade de ele conseguir o objectivo. Conheci o António à partida para uma maratona e o que vivemos durante aquelas horas diz-me que ele tem coração para lá chegar. Aqui, o extraordinário será a epopeia de pequenos passos e grandes conquistas que ele tem pela frente. A luta. O extraordinário é a luta.

Anteontem, enquanto no Monte da Galega fazia o meu fartlek de 8 x 1’ pus-me a pensar num pequeno desafio que tenho pela frente no Sábado. Estava eu a andar a um ritmo médio que rondava os 3.30/k e apercebi-me que não fazia a mínima ideia como é que se aborda uma prova como os 4 quilómetros do Cross Internacional de Oeiras.


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Já tenho a rifa

Pela manhã de ontem, o treino foi tépido e mais virado para a recuperação, pois doze horas antes ainda andava a fazer rectas no Monte da Galega.

Na verdade, nas últimas horas, digno de registo só mesmo o facto de eu já ter a rifa #664420. Agora é fazer figas para num determinado dia de Abril a sorte se pôr a meu favor e garantir que serei um dos 40.000 que conseguem a posição e não um dos 80.000 que ficam de fora da ING New York Marathon 2011.


Terça-Feira, 9 de Novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A diferença

Já mo tinham dito, mas naquele momento ouvi: “Quando vou a 4:10, começa-me a doer aqui atrás”. Ele queixava-se. E, segundo diziam os colegas que o conheciam melhor, queixava-se muitas vezes. Era um bom atleta, mas perdia-se num mundo de lamentos e lamúrias.

Ontem, ao ver Haile Gebrselassie a anunciar que ia deixar a competição, pôde-se perceber o que o levou tão longe e durante tanto tempo: muito trabalho e, conforme ele ia repetindo, no complains. Aliás, quando sentiu que o corpo começou a deixar de colaborar, o etíope decidiu-se pelo ponto final. It’s better not to complain anymore, largou entre lágrimas.

Trabalhei mais forte hoje. Primeiro em 20 minutos que foram mais rápidos do que o suposto aquecimento e depois num longo plano de exercícios físicos. E ao sentir a dor ia vendo o caminho.


Segunda-Feira, 8 de Novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

The King is dead, who'll be the king?

Em dia de aniversário, de Maratona do Porto e de Maratona de New York, atirei-me de manhã à estrada para fazer 70’ em ritmo progressivo.

Num Parque das Nações – Praça do Comércio – Parque das Nações corri 14.590 metros a um ritmo médio de 4:47/k. Apurando a progressão do treino por quartos, registou-se um ritmo médio de 5:04 no primeiro, 4:54 no segundo, 4:42 no terceiro e 4:32 no último. Se aumentar o ritmo era o tema, então correu bem.

Mais tarde, eram mais ou menos 5 horas em Portugal quando um estreante na maratona levou para a Etiópia a vitória em New York 2010. Sintomaticamente, outro etíope – o mais conhecido de todos – desistiu e anunciou a sua retirada da competição. Haile Gebrselassie marcou toda uma época e deixa agora a sua coroa à mercê de uma série de jovens de apetite carnívoro. Makau? Wanjiru? Kebede? Um dos outros nove que já baixaram das 2 horas e 6 minutos neste ano de 2010? Segue dentro de momentos.


Domingo, 7 de Novembro de 2010

sábado, 6 de novembro de 2010

Ir à mata

Depois de quinze dias fora de Portugal e outros quinze de treino aqui e treino ali, sinto-me agora a recomeçar.

Dentro da RB, percebe-se que a exigência comanda o trabalho da equipa. Assim, pelas 8 da manhã, na Matinha de Queluz, andei a esgaçar-me para fechar sem vergonha um pelotão de atletas cheios de vontade de rebentar.

Eram 980 metros de um circuito pela mata, onde metade da distância era a subir. No fim, trotava-se durante 3 minutos, antes de iniciar uma nova volta pelo mesmo percurso. Isto aconteceu durante 6 vezes. Para mim que me estreava, 6 lutas danadas.


Sábado, 6 de Novembro de 2010