terça-feira, 26 de julho de 2011

Os primeiros sete

Sete quilómetros debaixo do calor desmoralizante da hora do almoço. Os primeiros sete calçados com os Kayano 17. Que até são listrados a ouro.


Terça-Feira, 26 de Julho de 2011

domingo, 24 de julho de 2011

"Agora que ninguém nos ouve..."

Quando correr não equivale a treinar, penso com mais clareza. Penso na vida, na família, no trabalho ou até (redundantemente) na corrida. Hoje, enquanto fazia os meus sofridos 15k para recuperar ritmos antigos, foi uma dessas sessões.

E, como ninguém me ouvia, comecei a tentar fechar decisões: quais os ténis que iria comprar esta semana? Qual seria a minha maratona de Outono? E qual seria a marca em perspectiva?

“Bem, está decidido. Vou mesmo rebentar o budget e deixar a Nike para os calções e para as camisolas. Sapatos vão mesmo ser Asics. Material à séria. E se os Nimbus são mais para quem supina e para quem tem arco pronunciado, vão ser os Kayano. Se serão os 16 ou 17, fica por saber.”

“Entre Frankfurt, Dublin e Veneza, acho mesmo que a próxima maratona vai ser a do Porto. Faltam-me as multidões de Berlim e Paris, mas aqui gasto menos dinheiro (para compensar o estouro dos Kayano), corro com amigos e até tenho a mister à boca da meta”.

“Quanto a tempos, nunca estive tão atrasado à entrada do plano. Por isso, como estive parado três meses e como me rasgo todo para fazer 15k em 80 minutos, nem estou aqui para pensar em recordes. Mas, como ninguém nos ouve, até pode ser que mude totalmente de decisões. É que ir treinar ao sol do Alentejo às vezes faz-nos coisas estranhas…”


Domingo, 24 de Julho de 2011

domingo, 17 de julho de 2011

Sete dias na história de uma lesão

E à Segunda-Feira surgiu a luz. Primeiro, encarei-a com desconfiança. É que, ao contrário do resto das lesões mais ou menos prolongadas, não metia cirurgias, fisioterapias ou posologias. Era, estranhamente, muito mais simples que isso.

Com o antigo tartan do Estádio Nacional a descascar-se dia após dia, fui fazendo a minha meia hora diária pela relva do campo de futebol. Debaixo do calor que era opressivo à uma da tarde, tirei os sapatos. E, foi mais ou menos nessa altura que, três meses depois, recuperei a sensação de correr sem dores na perna direita. “Seria dos sapatos?! De uns sapatos com pouco mais de 100k nas solas?”

Logo ali decidi começar a treinar com uns sapatos diferentes. Na verdade, uns sapatos onde o conta-quilómetros já ultrapassava os 800k. Assim entrei na Terça-Feira na pista do Alto Rendimento do Jamor. E assim voltaria no dia seguinte ao mesmo local e com o mesmo calçado. Em comum aos dois treinos, a canícula do costume e a anormalidade de correr sem dores.

Mas foi ontem que tive a sensação de tudo estar a entrar na linha. No Monsanto, com a Rita em semana de glória e com o prazer de estar rodeado de companheiros na luta pela maratona. Entusiasmei-me e depois de fazer as minhas rampas, juntei-me ao time Amesterdão para quase 6k a mais do que estava escrito no plano.

Um exagero que fez dos 11k de hoje uma corrida onde as coxas pareciam estar ancoradas ao chão e o traseiro parecia ter o peso de um semi-atrelado. Quase uma semana depois, voltei a sentir o joelho direito. Mas também o joelho esquerdo, os tornozelos e tudo o mais que se sente num corpo que andava arredio da corrida. E que anda a meter quilometragem em cima de uns ténis que já há muito passaram a idade da veterania.


Domingo, 17 de Julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Overweight 'n' overdressed

Eram meio-dia e vinte e dois de Domingo quando saí para a rua. Comigo levava 79,700 kgs e um tronco carregado de peças de roupa. Quentes. Para ver se transpirava mais alguns quilos do corpo para fora.

Aos poucos vão-se perdendo. Debaixo do calor, é mais fácil perdê-los. Assim fosse tão certo que o joelho ficasse em condições. Voltar a correr a um Domingo de manhã fez-me lembrar que, entretanto, o António Castanheira Alves, o Alexandre Monteiro, o Carlos Freitas e o Ruben Aragão Pinto vão começar a preparar a Maratona de Amesterdão. Godspeed.

Quanto a mim, enquanto à tarde descansava, atirei-me a uma tigela que tinha leite condensado, menta e chocolate. Hoje de manhã, com o ranger da balança, vi que o peso tinha voltado a casa.


Domingo, 10 de Julho de 2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A crepitazye

Um novo diagnóstico: “A crepitazye na rótulye”.

Ele esfregou, esmagou, dobrou, enquanto falava, falava num idioma imperceptível. Eu ia abanando a cabeça como se percebesse. O António Castanheira Alves (que seria mais tarde esfregado, esmagado e dobrado) ainda apanhava algumas: “Mas é namorada dele ou não é?”.

Não contente com a coxa e com o joelho esquerdo, entreteve-se a agarrar-me os pneus que hoje são a minha barriga. E por muito que eu me explicasse (“Já não treino há quase três meses”), não me livrava de novo castigo ao ego: “Não corpo de maratonye. Muito pesado. Obstrupazye no joelho.”

Enfim, depois da consulta no cirurgião e da ressonância magnética que não apontavam nada pior do que uma bolsa de líquido na zona superior ao joelho, fui ontem ter com ele. Muitos já me tinham falado dele, mas ninguém me tinha preparado para o diálogo de ontem. Assim como tão cedo não esperava aquelas palavras: “Elmetacin e treno. Tu trenar. Na relva, na areia. Não estrada”.

Hoje fui para o Jamor. Corri meia hora e as únicas dores que senti foi de ontem ter sido esfregado, esmagado e dobrado. Por isso, amanhã vou outra vez. Por isso, já penso de novo em cenários como o da fotografia lá de cima.


Sexta-Feira, 1 de Julho de 2011