Quando em 12 de Agosto de 2012 o mundo ouviu
o hino do Uganda a coroar o triunfo de Stephen Kiprotich na Maratona olímpica, o
mais lógico seria antecipar no rosto dos dois quenianos que completavam o pódio
um sentimento de azedume pela inesperada supremacia da bandeira do país
vizinho.
É que nós, ocidentais, temos resistência em
entender para lá das bandeiras. Talvez por termos sido nós, ocidentais, que
decidimos para África que o conceito geográfico de nação se deveria impor à
divisão geográfica por tribos. Não tivéssemos criado essa imposição histórica
em nome da colonização e aquele pódio com o ugandês Kiprotich e com os
quenianos Kirui e Kipsang seria antes de tudo a celebração da esmagadora
superioridade da Grande Tribo Kalenjin.
Kalenjin aqueles três. Kalenjin quase todos
aqueles que ganham as longas distâncias em Ljubljana, Portland ou Ras al-Khaimah.
Kalenjin aqueles que mereceram de David Epstein, editor senior da Sports Illustrated,
uma das mais poderosas e imbatíveis evidências estatísticas que há memória
neste mundo da corrida.
Disse Epstein: “se fizermos uma análise dos números, chega a ser risível. Durante toda
a história há um registo de 17 norte-americanos a terem conseguido baixar das 2
horas e 10 minutos à maratona. Se pensarmos na tribo Kalenjin, bastou um mês (Outubro
de 2011) para essa mesma barreira ter sido quebrada por 32 atletas.”
Descubra aqui porque é que a esmagadora
maioria dos melhores maratonistas mundiais vive numa faixa de terreno que se
percorre como se fossemos de Óbidos a Elvas.
Sem comentários:
Enviar um comentário