quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Dura espera



Haviam umas árvores tombadas sobre uma espécie de carreiro húmido e pedregoso e nós tínhamos que decidir. Passávamos de cócoras sob o tronco e talvez ficássemos presos pela mochila ou saltávamos por cima deslizando por uma hera escorregadia que tornava incerta a aterragem. Fosse qual fosse a decisão, à nossa frente estava o fotógrafo.

Recordo sem esforço alguns dos momentos pela Serra da Arrábida nos meus 37k do II Dura Trail. Daquele troço de selva birmanesa não me podia esquecer. Fiquei arranhado em 5 ou 6 partes do corpo e deixei as minhas perneiras com uma cor alaranjada que duvido que alguma vez venha a sair. E, para além disso, pensei que dali sairia a foto para finalmente substituir na capa do Facebook a minha caminhada pelas águas no UMA 2013.

Sobre a prova alinho com a mais-que-esmagadora-maioria-dos-que-lá-estiveram: excelente. Em tudo. Em quase tudo. Sinto falta daquela fotografia que nunca cheguei a ver. Como num filme mudo, dramatizei exageradamente os meus gestos, utilizando o excesso próprio de quem morre de inveja do Kilian enquanto desce ou do Farah enquanto plana. Tudo isso para nada. É dura a espera.


Quinta-Feira, 30 de Outubro de 2014

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