quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Uns para os outros

Seria fastidioso e talvez injusto personalizar todo o apoio que recebi. Houve quem parecesse mais entusiasmado que eu próprio. Houve quem se lembrasse de falar comigo na véspera. Houve quem no mesmo dia não se esquecesse do abraço apertado. Muitos me acompanharam na escrita e no pensamento. Foi demais. Fez-me sentir muito bem. Fez-me ver que estou no lugar certo. Um lugar onde claramente somos uns para os outros.

Hoje voltei a calçar os ténis e fui fazer 4k à volta da Marina do Parque das Nações. Chamam a isto recuperação. Que certamente começou no dia seguinte à maratona, quando montado nas botas Timberland andei a fazer quilometragem pelas ruas de Berlim. Num ápice, acabaram-se as dores de tendões e só ficaram as unhas negras para fazer prova de que tinha sido um dos 40.000 a fazer a coisa. Há histórias de quem fique mais mazelado que isso.

Outros (vários) decidiam ostentar o orgulho de forma diferente. E Terça-Feira ao fim do dia, enquanto estava na fila do check-in no Aeroporto de Tegel, ainda havia quem ostentasse a medalha por cima do blazer de veludo cotelé.


Quinta, 30 de Setembro de 2010

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

4 horas, 3 minutos e 59 segundos

No Sábado à tarde, passei pela Leipziger Strasse e parei. Estava a decorrer a maratona para patinadores em linha e, entusiasmado com o espectáculo e com o apoio dos berlinenses, ali fiquei a olhar. Naquela altura, muito longe estava de saber que seria naquela mesma Leipziger Strasse que eu viria a subitamente enterrar as minhas aspirações a fazer a 37ª real,- Berlin Marathon abaixo das 4 horas.

Feito o balanço, até aquele quilómetro 38, tudo vinha a correr sem sobressaltos. Estava abaixo do par e uma dor na virilha esquerda não chegava a fazer-me travar o ritmo pré-estabelecido. O cansaço sentia-se nas pernas, mas se me dissessem antes da prova que iria chegar ao k38 abaixo das 3 horas e meia deixar-me-iam nas nuvens para esta minha primeira maratona.

Só que ao 38 crashei. Não parei. Mas, surgindo de entre um cérebro confuso, um corpo enregelado (choveu a esmagadora maioria do tempo) e umas pernas que começaram a ficar para trás, apareceu o meu muro pessoal. Lembro-me de me ter forçado a raciocinar se isto tinha vindo de um ritmo exagerado, de um dia de véspera em que estupidamente tinha andado muito em cima dos pés, de noites mal dormidas, enfim de tudo o que me parecesse que podia explicar aquele desaire. Certo é que fiz dois quilómetros em quase 17 minutos (!). Foi o abastecimento do k40 que me resgatou. Aí parei, bebi e as minhas pernas voltaram a correr. Até passar a Porta de Brandenburgo. Até atravessar a meta.

Enquanto estou a escrever, veio-me à cabeça ter lido algures que os maratonistas de Berlim 2009 tinham corrido sob uma temperatura exagerada. Este ano foi ao contrário. Quase nunca deixou de chover. Mas, coberto por uns plásticos da Adidas, o pelotão ia-se mantendo aquecido enquanto esperava que os acordes de Vangelis prenunciassem o tiro de partida. Foi por aí que desejei boa sorte a uma camisola com uma pequena bandeira de Portugal nas costas. Era o António Alves, que também estava ali para fazer um tempo sub-4. E que (ironia suprema) era mais um da RB Running. Para não destoar, mais uma vez o nome Rita Borralho e o respeito e admiração dos seus atletas vêm na mesma frase.

Enfim, soou a partida e não demorou muito a que chegassem os pontos altos e os pontos baixos de uma maratona com 40.000 corredores. É uma festa extraordinária, mas a estrada tem muito pouco espaço para circular. Por isso mesmo nunca estamos desacompanhados nos melhores ou piores momentos, mas depois há a luta para furarmos até às mesas de abastecimento, pegarmos num copo com água ou isotónico e conseguir sair com ele sem que o líquido se entorne.

Com o António e mais um companheiro de Torres Vedras (“um segundo abaixo das 4 horas, mas o meu principal objectivo é acabar bem disposto”), os primeiros k’s iam-se fazendo na tagarelice. Chegando ao k10 com 57:57, estava na verdade abaixo da minha expectativa (56:30). Não era razão para preocupações, de modo que à passagem dos 20k a décalage para o meu par não tinha subido nem descido. Estava ainda com cerca de um minuto e meio de atraso, mas não era ainda momento para forçar.

Sentia-me com pernas e, ainda em dupla com o António, fiz todo o trajecto até aos 30k sem percas. Estava bem e sentia-me sólido. Sentia-me quase a entrar no desconhecido, mas coincidentemente (ou talvez não), os 90” acima do programado não se iam mexendo.

Numa análise já com alguma distância, foi a partir daí que o destino da corrida se começou a lançar. É verdade pois o que me iam dizendo os mais experientes: a maratona começa aos 30k. E terá sido justamente a velocidade a que andei entre o k30 e o k35 que me viriam a fazer pagar a factura. Tinha já recuperado no cronómetro, mas sem saber tinha feito comprometer uma melhor marca. Para que se perceba, os meus dois quilómetros mais rápidos em toda a corrida foram o 33º e o 34º. Embriagado pela ideia de ultrapassar marcos como o k32 ou o k35 (por onde normalmente se diz que há muros à espreita), fui começando a construir o meu próprio muro.

Já tinha interiorizado que a dor na virilha estava ali, portanto não me afectava. Mas o primeiro sinal de grande desconforto veio da extraordinária dificuldade em abrir um pacote de gel. Tinha as mãos molhadas e enregeladas e aquela batalha fez-me sentir nervoso. Estava no 36º e logo de seguida vi o António Alves a afastar-se e percebi que estava a perder o gás. Vítima da minha inexperiência, comecei a afundar-me. Mesmo assim, ainda me forcei a aguentar e fiz um par de quilómetros a um ritmo admissível, ainda inferior aos 6’/km. Mas então apareceu a Leipziger Strasse. A longa e larga Leipziger Strasse.

Depois da recuperação, cruzaria a meta com 4:03:59. Exactamente 4 minutos acima do meu objectivo de tempo. Mas nada me conseguirá fazer esquecer de duas ou três lições que levo da capital da Alemanha. Hoje, no momento em que escrevo (são 11 horas na manhã de Segunda-Feira), não me sinto bem nem mal. Nem sequer me sinto diferente. Mas, no capítulo desportivo, algo me alegra: já estou inscrito na Maratona de Paris, em Abril do ano que vem. Porque, até poder, quero mais dez, vinte ou cem lutas como estas.


Domingo, 26 de Setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nuvens na Germânia

Vestido com a sleeve-shirt da Meia dos Palácios, fiz-me ao último dia de treinos para Berlim. Que, por coincidência, foi também o meu primeiro treino do Outono. Sob nuvens de chumbo, foram 35 leves minutos onde ia pensando como se deve um tipo equipar para fazer 42k com 15 graus centígrados, 90% de humidade relativa e 60% de probabilidades de chuva. Porque agora, quando voltar a correr, já será lá pela Germânia.


Para trás, ficaram 775k em 53 treinos. Fiquei com a ideia que deve ser mais rentável treinar para a maratona durante o Inverno. Mas, enfim, isso já não interessa nada. Desde que o trabalho tenha rendido o suficiente, talvez já dê para ganhar o dia.

Quinta-Feira, 23 de Setembro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um brinde aos amigos

Há um ano atrás não conhecia ninguém d’O Mundo da Corrida. Hoje, à beira de um dia para o qual tenho trabalhado com muita vontade, tenho-os visto a aparecer sem nunca se esquecerem de mandar um abraço e de fazerem o mais positivo dos reforços. É bom estar assim rodeado de atletas-amigos.

Só posso agradecer e dizer que tenho muita esperança de após Domingo poder dar notícias de como me correu bem a manhã. Tenho essa confiança. Mas se o vento tiver sido forte demais para mim, não me faltam razões para levantar a cabeça. Uma delas é um encontro que já tenho marcado para Abril. Dessa vez, com o dorsal 23780.

Ontem, Terça-Feira, foram 35’ na calma manhã do Parque das Nações. Foi também o penúltimo dos treinos.


Terça-Feira, 21 de Setembro de 2010

domingo, 19 de setembro de 2010

Um inesperado destaque

Passou-se a 25 de Outubro do ano passado. Para mim, a Corrida do Tejo tinha acabado há cerca de uma hora e estava já em Pedrouços à procura do meu carro. Ao cruzar-me com um dorsal da mesma prova, atirei a pergunta: “Correu bem?”. Ele respondeu: “Tranquilo. Estive só a treinar para a Maratona de Nova Iorque”.

Domingo que vem também tenho a minha maratona. Tinha por isso escrito no plano que hoje era dia do meu último treino longo (bem, eram 15k). Contudo, ajudado pela reminiscência da cena de 2010, decidi-me a rodar pela marginal. Mais propriamente, entre Carcavelos e a Baía de Cascais, à boleia da III Corrida da Linha Destak.

Na linha da partida, um à direita e outra à esquerda, estavam o António Santos e o Alexandre Monteiro, homens que baixam as 3 horas na maratona. Falámos sobre Berlim, Porto, Boston e rapidamente me recentrei nos 42k. O que fez com que fosse ainda mais inesperado o resultado final desta prova.

Fui andando, andando, andando, até que, à volta dos 8 mil e tal quilómetros, olhei para o GPS e percebi que não era impossível ir buscar uma nova melhor marca aos 10k. Então corri, corri, corri, fiz o último km em 4:08 e ao passar aos 10.000 metros com 44:44, tirei 15 segundos ao meu PB.

Inesperada mas feliz, não correria mal a rodagem. Pelo menos, continua a funcionar bem a insuflagem anímica para a Maratona de Berlim.


Domingo, 19 de Setembro de 2010

sábado, 18 de setembro de 2010

Os entusiasmos

Por cima da relva do Complexo Desportivo do Monte da Galega, foram 30 minutos à conversa com o Rui Marques e com o Paulinho (mais um da brigada RB). O treino fecharia com 6 rectas. Que para eles eram feitas a uma velocidade corriqueira, mas para mim pareciam um rasganço frenético.

Nessa altura, pensei que bastaria um golpe de azar e o dorsal 7229 ficaria órfão em Berlim. Até me arrepiei com o pensamento. Mas nada como dez minutos de alongamentos para cortar logo os entusiasmos infantis.


Sexta-Feira, 17 de Setembro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quase um top-model

Ler os bitaites de dois companheiros aqui no cantinho e vê-los coincidir em que “o tipo parece mais leve e solto” fez-me regressar às minhas notas e à evolução do meu peso nos últimos tempos. E foi assim que conclui que desde que comecei a preparação para a maratona (no dia 16 de Junho, exactamente há 3 meses), perdi 5,1 quilos. Em suma, esqueçam-se o Póvoas e outras panaceias que tais e treinem como loucos para 42k no Verão.

Hoje, com os treinos árduos a ficarem para trás e carregando o meu novo peso de 73,500 kgs, fiz uma hora de corrida lenta e pensativa. A Porta de Brandenburgo está agora a menos 9.910 metros do que estava esta manhã.


Quinta-Feira, 16 de Setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A 5 treinos do fim

No regresso da ventania, Braço de Prata recebeu-me para meia hora de lentidão e duas séries de 2.000 metros. Com 8:51 na primeira e 8:49 na segunda, andei nas redondezas dos 4:25 por quilómetro.

Fechada a sessão, ficam mais 5 treinos por fazer. Depois disso é Berlim que me espera. Para já, sinto-me bem, sinto-me focado.


Quarta-Feira, 15 de Setembro de 2010

Novos dias, novas estradas

Com o Garmin esquecido em casa, terei feito aproximadamente 10.550k em aproximadamente 59 minutos.

Da Parede à Praia de Santo Amaro e regresso, dei por mim a pensar que seria um dos meus últimos treinos naquele percurso. Estou a mudar o atelier da Parede para Carnaxide e tenho um par de semanas para descortinar - para além do Jamor - onde mais poderei pôr quilómetros em cima das pernas.


Terça, 14 de Setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

Pelas Rampas

Com a primeira maratona a duas semanas de distância, dediquei o fim da tarde de Sábado a um teste à minha capacidade de disciplina táctica.

Aconteceu no decurso da 34ª Meia Maratona de São João das Lampas e, no fim da corrida, senti ter conseguido o que queria. Mantive um ritmo conservador e controlado durante cerca de 18k (sem me entusiasmar nas descidas ou sofrer nas subidas) e fiz os últimos quilómetros de trás para a frente e a um ritmo muito engraçado para mim (4:44, 4:45 e 4:41).

Sem a pressão do relógio, esta prova, que tem tanto de carismática como de exigente, acabou por ser a menos sofrida de todas as minhas meias-maratonas. É claro que por isso mesmo se viria a dar um medíocre registo de 1:51:24 no Garmin e 1:51:29 de marca oficial para uma distância de 21.330 metros. À passagem dos 21.097 metros, andava-se pelos 1:50:19.

Muito compensador ter revisto tantas caras conhecidas (há 2 meses e meio, desde Peniche, que não fazia uma prova); muito interessante ter corrido num Sábado à tarde num tão acolhedor cenário rural; e excelente ter conseguido agarrar a prova ao invés de me ter deixado rebocar por ela, rampa acima rampa abaixo.


Sábado, 11 de Setembro de 2010


(fotografia CVR)

A 13ª deu azar

E à 13ª semana da preparação para a Maratona de Berlim apareceu a nuvem cinzenta. Engripado e com problemas intestinais, falhei todos os treinos desde Domingo. Já recuperado, regressei hoje à noite para 30 minutos pausados no Parque das Nações. Amanhã é dia de antecipação do treino longo. Às 17 horas em São João das Lampas.


Sexta, 10 de Setembro de 2010

Tilt

Com sintomas de gripe e sem downloads há três dias, sinto-me em tilt. Já não treino desde os 30k de Domingo e São João das Lampas fica por confirmar.


Quarta, 8 de Setembro de 2010

sábado, 11 de setembro de 2010

Makau, Mutai e eu

Esta Sexta-Feira, na apresentação da real,-Berlin Marathon, ficou-se a saber que os quenianos Makau e Mutai, que encabeçam o ranking de 2010, serão os principais nomes de uma prova onde se fizeram 4 dos 10 melhores resultados de sempre da maratona.

Gebrselassie, que venceu as três últimas edições de Berlin, decidiu-se este ano por New York e não vai aparecer. Mas, como tem sido amplamente publicitado neste canto e se nada de extraordinário acontecer, a minha presença está já assegurada. No caminho para a meta, hoje foram mais 30k (Marina do Parque das Nações – Torre de Belém – Marina do Parque das Nações).


Domingo, 5 de Setembro de 2010

Horário pós-laboral

Haja ou não explicação para isto, agrada-me correr nas manhãs de fim-de-semana. Já de Segunda a Sexta, prefiro dias como os de hoje, onde tive a companhia do Rui Marques num fartlek ao entardecer.

Na verdade, com ele focado em provas de curta distância, fui eu a tentar acompanhá-lo. Começámos com 20 minutos lentos e terminámos da mesma forma, mas pelo meio surgiram 5 séries de 3 minutos cada. Com 730 metros na primeira (4:06/km), 750 na segunda (4:00/km), 760 na terceira (3:56/km), 770 na quarta (3:53/km) e 740 na última (4:03/km), foi um daqueles treinos em que me revejo no Parque das Nações. Com ar feroz no rosto transpirado.


Sexta, 3 de Setembro de 2010

Horário pré-laboral

De perfume suave e garrafas plásticas de 50 cl na mão, as soccer moms dividem as manhãs pré-laborais do Parque das Nações com sexagenários sem medo de quilómetros. Ambos vão a trote (ou em marcha) e nenhum traz um ar feroz no rosto transpirado. Tudo isto é singelo e quem me dera chegar aos 60 anos com o mesmo corpo e a mesma vontade (não faço insistência no perfume). Contudo, nos 45 minutos lentos de hoje, tanta bonomia tornou-me sonolento.


Quinta, 2 de Setembro de 2010

Por onde começar?

Não são poucas as vezes em que penso que o público que ovaciona ou um corredor que dá uma sapatada à nossa frente chegam a ser uma ameaça efectiva dentro da corrida. Porque nos apetece corresponder, porque puxamos quando não devemos, porque agimos irreflectidamente. E isso talvez se torne duplamente perigoso numa maratona que seja flat and fast.

Contudo, ao escolher Berlim, quis escapar a duas situações que pudessem ser críticas para a minha fragilidade/inexperiência: as subidas no fim do percurso da Maratona de Lisboa (onde eu poderia chegar num farrapo humano e comprometer a meta) e a influência/entusiasmo dos muitos companheiros que também irão estar nessa prova (ser um anónimo no meio de 40 e tal mil pode eliminar-me alguns factores de distracção).

Claro que o Porto seria opção, mas aí o problema já era de outra natureza: uma coisa é ter saído hoje à hora do jantar para os meus 60’ RL. Outra seria dizer à família para não contarem comigo no dia dos meus anos porque tinha uma maratona para ir correr ao Norte.


Terça, 31 de Agosto de 2010

Bom, Mais ou Menos ou Nem por isso

Nunca tinha feito séries de 3.000 metros. Assim, depois de 20 lentos minutos, fiz-me ao objectivo sem perceber muito bem o que é que seria um bom registo. Na verdade, após 13’32” na primeira e 13’01” na segunda, continuei sem saber o que achar daquilo. Foi a primeira que foi muito lenta ou a segunda que correu muito bem? Fosse como fosse, soube bem ter metido uma dose extra de garra e tirar mais de meio minuto ao cronómetro inicial.

Li algures que alguém dizia que se nos estamos a sentir confortáveis, é porque não estamos a puxar o suficiente. Não sei se lhe posso chamar propriamente um mantra, mas nas últimas semanas é um eco que me tem surgido cada vez mais quando preciso da tal dose extra.


Terça, 31 de Agosto de 2010

Quatro Domingos para a meta

Adormeci e quando comecei a correr pelas nove da manhã já o calor tinha chegado ao Parque das Nações. Fiz agulha para oeste até chegar à Torre de Belém e regressar à casa da partida. Quando desliguei o Garmin (com o registo de 2:45:35), tinha anotado 30k ao ritmo de 5:31 por quilómetro.

Ainda que com um exagero de andamento entre o k7 e o k10, o plano estava cumprido dentro do expectável. Fiquei contente com os meus últimos minutos, mas tenho que desenvolver a minha concentração sobre o ritmo a que ando. Não são poucas as vezes em que algo em meu redor me faz acelerar, nem são invulgares os momentos em que os meus pensamentos levam ao abrandamento. Com 10 meses certos de treino organizado (antes disso, corria o que me dava na gana), sinto a falta da experiência.

Nota final: estreei-me hoje em treinos longos com meias de compressão. Boa sugestão do Victor Silva para uma feliz compra.


Domingo, 29 de Agosto de 2010

Runner's high

Não me consigo recordar qual foi o gatilho que em Março deste ano me fez decidir fazer a minha primeira maratona. Sei que ainda nessa manhã atirei-me ao www.marathonguide.com e pus-me a procurar provas na Europa em Setembro e Outubro. Não me consigo recordar como é que entrei em modo de maratona, mas sei qual foi a primeira que me fez olhinhos: a Baxters Loch Ness Marathon.

No fim, ao escolher a real,- Berlin Marathon, fui ao mais concreto dos opostos. Escolhi uma festa popular com cerca de mais 40 mil corredores que a prova britânica, onde o traçado é totalmente urbano e o perfil altimétrico semelhante a uma panqueca.

Nesta Sexta-Feira, algures no meio de 10k pelo Parque das Nações, uma neblina veio do Tejo e fez-me recordar de Agosto de 2003 e de uma incrível road trip pelas Terras Altas da Escócia. Não sei se voltarei a conduzir pela B852 em direcção a Inverness. Mas, se o futuro me quiser guardar essa pequena alegria, hei-de subir a correr a margem direita do Ness.


Sexta, 27 de Agosto de 2010

Efeméride

Durante 50 minutos, o Paredão de Carcavelos e o Passeio Marítimo de Oeiras assistiram ao meu fartlek em pirâmide.

Vários terão pensado qual era o sentido de se fazer sprints às duas da tarde. Outros viam um tipo transpirado e decidiram ir antes para a beira-mar. Contudo, já ninguém estaria perto de adivinhar o que realmente passava pela mente: “Só falta um mês… Só falta um mês.”


Quinta, 26 de Agosto de 2010

Dois dias diferentes

Na Segunda-Feira foram 20k tratados a um ritmo de 5:25. No dia seguinte, regressa o tempo fresco a acompanhar pouco mais de meia-hora em passada lenta.


Quarta, 25 de Agosto de 2010

Com a balança a favor

Há quase 3 anos e meio deixei de fumar. Rapidamente fui ganhando peso e, dos meus habituais 72 ou 74 quilos, fui disparando quase até aos 90. Pois hoje, pela primeira vez desde Março de 2007, a balança reentrou nos parâmetros do antigamente: 74,900 kgs.

Deu-me moral. Não que hoje precisasse, pois haja calor ou não, as manhãs de corrida no Parque das Nações trazem um colorido bastante especial. Foram 55’ em ritmo progressivo, cumpridos quase ao segundo de acordo com o meu plano. Com a primeira metade ao ritmo de 5:14 e a complementar à média de 4:59 por quilómetro, foram 10.750 metros de um treino animicamente muito compensador.


Domingo, 22 de Agosto de 2010

Calor em série

Quinta e Sexta foram dois dias com apenas 24 horas. Por isso, não treinei e tive que esgaçar as minhas séries ao meio-dia de hoje. Primeiro, foram os 45’ em lentas passadas de meio metro; depois, ainda amolecido pelo calor, atirei-me a 10 repetições de 200 metros (39” / 41” / 42” / 43” / 44” / 44” / 45” / 43” / 46” / 41”).

Pensando de novo no dia de hoje, se choverem canivetes em Berlim não será o pior dos cenários. Ainda por cima até parece que vou de meias novas.


Sábado, 21 de Agosto de 2010

Pontos de interrogação

Entretanto, o meu treino nº 40 na preparação para Berlim foi hoje feito em ritmo calmo (5:52). Foram 50 minutos pelo Parque das Nações, a pensar no dia 26 de Setembro e a matutar nalgumas das dúvidas e preocupações que me passam pela cabeça para esta primeira maratona:

  • Nunca corri com meias de compressão. Fará sentido gastar quase 50€ numas para as testar num treino longo? Se decidir, onde é que as posso comprar?
  • Fiquei curioso com as Sport Beans, uma espécie de gomas energéticas carregadas de carbo-hidratos, electrólitos e vitaminas. Agrada-me o aspecto prático em relação aos géis, mas serão bons os resultados? Onde poderei comprá-las em Portugal para poder fazer um test drive?
  • Nunca prestei a atenção que devia ao pequeno-almoço do dia da prova. Tenho mesmo que definir alguns cenários e testá-los antes dos treinos longos.
  • Qual será a temperatura e a humidade que me esperam no Dia D?

Enfim, dois pares de nós para desfazer até ao quarto Domingo de Setembro.


Quarta, 18 de Agosto de 2010

Uma noite de Verão

Há meses que não treinava à noite. De regresso a Lisboa e com o Tejo à ilharga, fiz meia hora lenta e cinco séries de 1.000 metros (4:09 / 4:12 / 4:08 / 4:01 / 4:08). Foi um treino com um bom sabor numa capital que saiu para fora a banhos.

Nota à margem: inscrevi-me na Meia-Maratona de São João das Lampas. Será quinze dias antes de Berlim. Será também um áspero teste às minhas capacidades da altura.


Terça, 17 de Agosto de 2010

2 x 35 = 42?

Há um mês, o meu treino longo de 35k foi feito entre a Marina do Parque das Nações e o Dafundo (e regresso à base). Hoje, os mesmos 35k foram resultado de um périplo inventado em Tróia, num percurso que poderia chamar de Tróia Resort – Soltróia Rio – Soltróia Mar – Soltróia Rio – Soltróia Mar – Tróia Resort.

Em latitudes muito distintas e traçados quase opostos, os tempos finais separaram-se em menos de um minuto (3:17:57 em Julho e 3:18:46 hoje). Será um padrão? Um indicador? Ou apenas uma coincidência?


Domingo, 15 de Agosto de 2010

Lá diz o Dean

Diz o Karnazes no seu 50/50: “When you begin a major challenge, your body and mind feel charged and ready. Later, when you near the end, you are pulled along by the drive to achieve your goal, or to just get the darn thing over with (which can be as powerful a motivator as any). The middle part of a big challenge is the part where morale tends to flag, because the challenge is no longer new, and physical and mental fatigue have begun to set in, yet the goal remains far off – too far for its magnetic draw to have any effect.”

Hoje fiz 60’07” num ritmo de 5:53. Amanhã, ainda faltarão mais 6 semanas por fazer. São muitos graus centígrados pela frente. A juntar a todos os que há 9 semanas me andam a ressequir o couro.


Sexta, 13 de Agosto de 2010

Hangover

Após os excessos juvenis da passada semana, decidi-me fazer os próximos dias off-plan.

Para já, ainda a ressacar de Domingo passado, troquei as séries de hoje por 50 minutos a um ritmo de 6:00/km. E, até ao próximo Domingo e ao treino longo de 35k, é natural que venha a andar em modo de pausa.


Terça, 10 de Agosto de 2010

Um banho de realidade

Foi bom sair à varanda e não encontrar o Sol tórrido de outros dias. Lembrei-me do último Domingo em que uma manhã quase cinzenta gerou um treino excelente. Todavia, para hoje guardado estava o bocado: o calor ficara na cama, mas a humidade tinha aparecido em grande força.

Entre o Tróia Resort e o Soltróia Rio, os primeiros 10k foram pacíficos ao ritmo de 5:20. O disparate começou mais ou menos por aqui, quando em direcção à Comporta tentei manter a mesma passada, alheio ao facto de que os 7k seguintes seriam feitos em ligeira elevação. Fi-los a 5:30, o que não seria o mais indicado para o modo como a humidade me começava a afectar.

Aos 21k, já depois do retorno, surgiram os meus primeiros sinais de quebra. Mas foi aos 25 que veio o estoiro. Uma vez li o Mister João Lopes sobre a importância de se estar no dia certo. Talvez também fosse isso. A verdade é que as pernas ficaram para trás e, para conseguir chegar aos 30 quilómetros, tive que fazer um par de abrandamentos estratégicos (vulgo “ir a andar”). Foram uns péssimos 36’ 35”. Foi também um autêntico banho de realidade. Um momento de La Palisse para mais tarde recordar: quando damos tudo o que temos pode-nos fazer falta mais tarde.


Domingo, 8 de Agosto de 2010

Perto e devagar

Diz o povo que devagar se vai ao longe. No entanto, como decidi que hoje ia andar bem devagar, a última coisa que consegui foi ir longe. Em conclusão, nos 50 minutos que tinha para andar, não fiz mais que 8.500 metros. É o que faz andar-em-passada-que-não-seria-sancionada-por-um-juíz-de-uma-prova-de-marcha. Como também poderia dizer o povo, devagar chega-se onde se chega.


Sexta, 6 de Agosto de 2010

Progressivo, regressivo

Como o plano de corrida apontava um ritmo progressivo, fiz-me ao negative split. Assim, mais uma vez pela ciclovia, programei 27’ 30” de ida e 27’ 30” de retorno. E, porque as coisas correram conforme o plano, fiz 5,4k para lá e 5,69k para cá. Ou, posto de outro modo, mexi-me a 5:05/km do Tróia Resort à Soltróia e a 4:50/km no caminho de regresso. Mais um treino satisfatório.

Hoje, enquanto corria, passei em revista a colecção das maleitas que insistem em me acompanhar no último mês. Agora, a juntar às dores na canela esquerda e à fascite plantar direita, a última semana trouxe as picadas no ombro esquerdo. Todas elas me chateiam à vez em cada sessão de treino: a nº 1 e a nº 2 desaparecem após o primeiro quilómetro, mas o ombro raramente me deixa adormecer. Enfim, hajam sacos de gelo suficientes para combater a regressão do corpo.


Quinta, 5 de Agosto de 2010

Estágio de planitude

Continua o meu estágio por terras alentejanas. Ontem com séries curtas, hoje com um treino-de-descompressão-que-não-chegou-a-descomprimir. Mas, enfim, salvou-se a efeméride, pois cheguei a meio da minha preparação para Berlim.


O Bolt do Alentejo (Terça-Feira, 03 de Agosto de 2010)

Se quiser escolher dois termos que se defrontam em antítese, posso perfeitamente ir por “Bolt” (aquele que corre mais que os outros todos) e “Alentejo” (onde se corre menos que em todos os outros sítios). Mas, seja como for, nunca em tempos recentes as minhas séries foram tão fixes como as de anteontem na ciclovia de Tróia.

Após 40’ a ritmos de 5:25 (estava lá escrito RL, mas já não sei bem), arranquei para 12 repetições de 200 metros. E, não se queira saber, fiz resultados bem acima do que estava programado para a distância: 39”, 42”, 39”, 41”, 39”, 39”, 40”, 41”, 43”, 43”, 41” e 42”. Depois, fui respirar e descansar para debaixo de um chaparro. Como o “Bolt” costuma fazer.


A meio (Quarta-Feira, 04 de Agosto de 2010)

Hoje, atingi as sete semanas e meia e cheguei a 50% do plano de preparação para a Maratona de Berlim (cortesia do Mister Carlos Fonseca). Até agora, corri 405.950 kms e fiz 32 dos 40 treinos programados.

Por dificuldades de resolver horários, 4 dos 8 treinos que falhei deveriam ter acontecido na passada semana. Uma pena, mas na verdade aqueles dias de descanso deram-me condições para andar bem mais solto nestes últimos dias. Se isso é ou não positivo, depende do prisma em que for visto. Por exemplo, hoje eram 50’ RL e foram feitos a 5:27. É esticado. Pelo menos para mim. E, muito menos, se o intuito for relaxar os músculos.

Enfim, é este um dos desafios para um principiante que anda a treina quase 4 meses para um só objectivo: saber gerir as expectativas, relativizar os períodos baixos, conseguir controlar o entusiasmo…