terça-feira, 20 de outubro de 2015

Até ao Bairro da Maratona



Com meta feita no bairro onde vivo e na cidade onde nasci, seria pecado não fazer a Rock ‘n’ Roll de Lisboa.

Com os Deuses da Maratona a trazerem-ma até casa e com o meu País a empurrar-me para Sevilla ou Badajoz para eu fazer uma maratona de Inverno sem ter que entrar num aeroporto, seria desperdício deixá-la passar ao lado.

Mas nas 3 edições que fiz neste novo percurso nunca lhe ganhei o gosto. Competitivamente são bons capítulos: de 2013 para 2014 tirei 13 minutos à minha marca de Lisboa; e de 2014 para 2015 voltei a tirar mais 13 minutos, para me fixar num PB de 3:32:35.

No entanto, nem isso me aqueceu a alma neste Domingo. Sei que para o ano devo voltar a fazer esta Cascais – Oeiras – Lisboa, que voltarei a detestar esta falta de curvas e que não me entenderei com os semi-maratonistas a ultrapassarem-me a 4:15 enquanto me debato com as minhas misérias.    

Só que pior ainda seria sair de casa, encostar-me ao sinal do quilómetro 38, ver esta gente sem sorriso nem força e não ser um deles.

sábado, 25 de julho de 2015

UMA: 239 para 351


À conversa com Adharanand Finn – o inspirado autor de Running with the Kenyans e The Way of the Runner – um queniano falava dos hábitos de treino no Japão: “The training, not good. They train too much. If they trained like in Kenya, all the world records would come from Japan”. Enfim, menos treino, mais resultados.

Para teste de tão africano pensamento, o Domingo trouxe-me para as areias da Ultra Maratona Atlântica 2015. Para trás ficava a estreiteza de meros 239k de treino em dois meses.

Com uma última semana a gravitar entre pensamentos DNS e receios DNF, o dia 19 de Julho seria um verdadeiro momento UMA. Sem pernas a condizer, quase tudo foi puxado com o ânimo. A meta passou 351 minutos depois da buzina do início. As dores musculares ainda não. Mas, entretanto, já o horizonte deixa entrever a Rock’n’roll de Lisboa.


segunda-feira, 23 de março de 2015

Badajozando...




Seguir o balão das 3h30 parecia o mais lúcido. Funcionar dentro do grupo das três horas e meia sempre me ia resguardando do vento e me ia assegurando estar no ritmo certo de um percurso que eu não conhecia. E assim arranquei às 9 da manhã. Eu, o diclofenac e o flurbiprofeno com o dorsal 59 deste 23º Maratón Popular Ciudad de Badajoz.

Badajoz tinha amanhecido sem sinais da chuvada do dia anterior. E eu, felizmente, acordava para o meu primeiro dia sem dores lombares em toda a semana. Toda uma semana a farmacêuticos tinha feito o quase-milagre.

Três horas e meia depois deste agradável despertar, mais ou menos junto ao Km 22, senti-me com pernas para sair debaixo do balão. Badajoz é uma maratona de duas voltas a um circuito citadino e, com meia-maratona já deixada para trás, senti que já estava o reconhecimento feito. Fui então, em ritmo aproximado de 4:55 e em sucessivas ultrapassagens, estabelecendo o meu pico anímico.

No entanto, o anímico não dá para tudo. E ao Km 35 sou de novo englobado no pelotão das 3h30. Durante um quilómetro luto para não os deixar fugir, mas sem sucesso. Vejo-os afastarem-se e a 6k começava a minha luta pessoal. Começava a minha maratona. Já sem pernas, cruzo a meta aos 3:35:31.

Novo recorde pessoal. Paris 2011 ficava para trás, mas sem ser substituído por uma marca que me orgulhasse de trazer ao peito. Há quatro anos agradeci à coach Rita Borralho (que me deu nessa altura a melhor preparação de sempre), agora agradeço à Novartis e à Amdipharm, as farmacêuticas que me conseguiram manter preso por sólidos arames.

Para esta semana, inaugura-se novo ciclo: oito semanas até aos 100k da Serra de São Mamede.