Durante anos, trazer o nomes "Japonês" à conversa acontecia ao falar-se do meu primeiro carro, um Toyota Corolla de setenta-e-dois. Diga-se que era um animal de muito mérito, habitualmente forçado a transportar o pessoal do bairro e da faculdade para tudo o que eram lupanares musicais da noite. Celebrizou-se também uma história desde o Ceira sem travões a ajudar, razão para os dois acidentes que aconteceriam até Lisboa. Enfim, um japonês de aço.
Tive que
demorar mais de duas dezenas de anos para ser impressionado por novo japonês de
aço. Este chama-se Yuki, o que, foneticamente discorrendo, é nome que não
sugere ameaça.
Também não
será a profissão que o recomenda para o ranking da testosterona, pois não o
encontramos a apagar incêndios ou a ser açoitado por água e vento numa
plataforma petrolífera. Não, o Yuki é funcionário público. Trabalha sentado à secretária
e recebe cheque do Estado. Possivelmente, até usará gravata, mas isso sou eu a
dizer.
Na verdade,
o que destaca o Yuki é que, apesar do aparentemente débil nome com que o
batizaram, é um japonês de aço que, depois das 40 horas de trabalho semanais, arranca para desafiar os limites do que nos foi ensinado sobre o acumular
de quilometragem (a nós que também trabalhamos cinco ou seis dias por semana).
É que este
ano o Yuki correu uma ultramaratona, 13 maratonas e 15 meias-maratonas (para além
de uma de 40k, duas de 30k e uma de 20k). Vejam, não estou a mentir.
E, antes que
o tenham somente na conta de um rapaz atleticamente disciplinado, esclareça-se que
daquelas competições ele ganhou 18, fez recorde de percurso em 13 e ainda foi
buscar o recorde nacional dos 50k.
Termino com
a cereja no topo do bolo. Num desses dias em que ele tira a gravata (caso a
use), chega a baixar das 2 horas e 10 à maratona.
Aposto que
não faz aquelas belas derrapagens controladas que o Toyota Corolla fazia ao
entrar nas rotundas, mas não deixa de ser o novo japonês de aço.
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