Enquanto a Fátima me alfineta as bolhas nos
pés, penso nas palavras do master Rui
Silva: “desde 2006 que isto não estava
tão mal”. Ele não se referia à temperatura (que desta vez estava clemente),
nem ao vento (que vinha a soprar de Sul), mas sim aquela mistura de areia e
água que era a nossa pista para a Ultra-Maratona
Atlântica 2013.
Logo aos primeiros metros, os corredores
tinham uma fundamental decisão para tomar: seguir pela areia solta no topo da
praia e optar por um desgaste que podia vitimá-los mais tarde ou correr junto a
uma muito forte rebentação que chegava a submergi-los à altura da coxa.
Eu escolhi a primeira e assim segui por
cerca de 12k. Mas, ao passar pelo Pinheiro da Cruz, já os meus pés estavam
molhados e o meu ritmo mais solto. Tinha definitivamente escolhido as ondas em
vez dos carreiros das moto 4. Por essa altura, colei com o José Duarte Ribeiro
(como eu um estreante) e empurrados pela conversa, seguimos em passo animado
até perto da Comporta. Já pouco antes tinha caminhado para comer uma sandes de
presunto, mas foi ali o meu primeiro pit-stop
significativo para trocar de meias e pôr água mais fresca nos cantis.
Não foi fácil retomar o passo. Fiz o
reabastecimento de tâmaras, mas pelos 30k as pernas sentiam a preguiça das 4
horas e meia e viria a caminhar mais um par de vezes. Mas aos 36k chegaria a
zona mais agreste, quando me apercebi de uma bolha por debaixo do dedo grande
do pé direito. Estava eu a tentar descobrir o que por ali havia, quando vi o
meu irmão a aproximar-se. Seguiríamos juntos a partir dali, ele descalço e eu a
supinar para evitar as dores. A passada supinadora punha
Pelas 6 horas e meia de prova, depois de um
par de falsas expetativas (“deve ser já a
seguir aquela curva”), surgia a meta. Apesar de dor e cansaço, estávamos aí
no mais vivo dos ritmos registados pelo Garmin. Atravessando a meta com 6:38:42,
a nossa estreia em modo ultra tinha tido todos os condimentos de sacrifício
para não deixar de ser lembrada. Junto ao Atlântico, fora um quarto de dia
muito duro num dos mais volúveis cenários de corrida da Europa.
Domingo,
28 de Julho de 2013
Parabéns pelo grande esforço e feito!
ResponderEliminarUm abraço
Obrigado, João, pela sua simpatia.
EliminarO mundo é mesmo pequeno...
ResponderEliminarFoi um prazer correr aqueles Kms ao teu lado!
A seguir Maratona de Lx.
Um abraço
Grande abraço, Zé. E grande malha que foi a tua estreia. A seguir vem Lisboa. Vemo-nos lá.
EliminarGrande Zé, vamos lá ver se te lembras de mim! Chamo-me Rui Santos e fui teu colega na Luísa de Gusmão. Éramos quatro amigalhaços: tu, eu, o Sardinha e o Jorge (que continuo a ver regularmente). Gostava de ter o teu contacto, tanto mais que já não vivo em Portugal. Se puderes, escreve-me para ruifsantos@edu.xunta.es ou para ruifsantos@hotmail.com. E falaremos sobre corridas, lesões, etc.
ResponderEliminarUm grande abraço do Rui Ferro Santos